Marcela Unes
Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Newton Paiva
Hoje em dia é comum o uso de dois, três ou até mesmo mais medicamentos ao mesmo tempo por um mesmo paciente. Vários fatores contribuem para isso, como o envelhecimento da população, aliado aos conhecimentos mais avançados acerca do tratamento e prevenção de doenças e o tratamento concomitante com múltiplos profissionais, todos prescrevendo medicamentos próprios de sua especialidade.
Assim, é frequente um paciente idoso apresentar de duas a seis receitas médicas e ainda utilizar dois ou mais medicamentos por a automedicação.
É digno de nota o número cada vez maior de medicamentos no mercado, o que aumenta a quantidade de associações possíveis e diminuia capacidade dos profissionais de dominar completamente todo o conhecimento referente ao efeito dessas infinitas combinações. No Brasil, o número de medicamentos disponíveis no mercado aumentou em 500% nos últimos anos, apresentando cerca de 17 mil nomes genéricos/comerciais.
O cigarro,o álcool, as plantas medicinais e até mesmo os alimentos podem interagir com os medicamentos usados. Mas qual o problema em usar vários medicamentos ao mesmo tempo?
Às vezes nenhum. Pelo contrário, algumas vezes isso se faz necessário para o controle adequado das doenças apresentadas pelos pacientes. Outras vezes, as consequências desse uso podem ser negativas, levando ao aparecimento de efeitos indesejáveis ou mesmo a falha terapêutica, que ocorre quando o medicamento não controla a doença para o qual ele é indicado.
Equanto maior o número de medicamentos usados, maior a chance de o paciente apresentar
uma consequência negativa de uma interação entre medicamentos. As vezes é possível evitar esse problema separando o horário da tomada dos medicamentos, mas essa recomendação não pode ser generalizada, pois nem sempre ela vai resolver o problema.
Há interações que podem ser resolvidas apenas pela redução da dose ou pela retirada de um deles, e, nesses casos, o prescritor deve fazer as alterações necessárias nos medicamentos, sem comprometer o tratamento.
Assim, é necessário que os profissionais de saúde e pacientes trabalhem em conjunto para diminuir o impacto negativo desse novo tipo de problema. O farmacêutico,como especialista em medicamentos, consegue focar o seu olhar nesse aspecto em especial.
Dessa maneira, pode contribuir ajudando os médicos e os pacientes a considerarem a interação medicamentosa como uma possível causa, para as falhas terapêuticas e para o surgimento de efeitos indesejados.
Melhor ainda, ele pode ajudar a prevenir esse tipo de situação, identificando a interação antes da sua manifestação clínica. Os pacientes também devem ser ativos nesse processo e podem contribuir para evitar interações sempre informando aos profissionais os medicamentos de quefaz uso, tanto aqueles prescritos quanto os não prescritos, incluindo as plantas.
Levar a prescrição às consultas é uma boa forma de não omitir nenhum medicamento. Ainda, devem sempre perguntar ao médico que prescreveu e ao farmacêutico que dispensou o medicamento qual a forma correta de usar cada medicamento
e se existe a possibilidade de interações medicamentosas.
Fonte: Estado de Minas