O cientista político Rudá Ricci acredita que os movimentos sindicais no Brasil atual remontam ao cenário do governo de João Goulart (1961-1964). "Quando Goulart foi presidente, o país legalizou muitos sindicatos, eles ganharam volume. Hoje, está acontecendo novamente, os sindicatos estão recebendo muita importância", avalia.
De acordo com ele, a política do governo Lula seguiu esta cartilha e a própria figura do ex-presidente propulsiona o número sindicalistas que tentam cargos eletivos, o que só aumenta a cada pleito. "Os sindicatos estão cada vez mais fortes politicamente, e nenhum governo consegue administrar sem o apoio dessa máquina sindical".
Na avaliação do especialista, o Brasil está caminhando para um cenário sindical semelhante ao europeu. "Lá, os sindicatos montam uma espécie de fórum que se chama Parlamento Sindical. Várias centrais se encontram para decidir o que querem do governo. Se a pauta não for seguida, todo primeiro ministro ou presidente terá problemas. No Brasil, estamos nos aproximando disso".
Partidos buscam trabalhadores
Não só os sindicalistas buscam ocupar cargos no Poder Público. Os partidos estão cada vez mais interessados no apoio dos trabalhadores. "Os partidos estão buscando cada vez mais assimilar seu projeto de governo aos sindicatos. Esses, por sua vez, ganham a possibilidade pautar os partidos. Se torna uma relação de interdependência", avalia o cientista político Rudá Ricci.
O crescimento das entidades de classe atraiu até o PSDB, que, historicamente, não tem ligação com os sindicatos. Em agosto do ano passado, o partido criou o PSDB Sindical, que tem a função de conseguir o apoio das organizações de trabalhadores.
Na época, o senador Aécio Neves articulou a saída do presidente da Força Sindical em Minas, Rogério Fernandes, do PDT outra legenda com forte ligação com sindicatos para o PSDB. Fernandes assumiu, então, a direção do braço sindical tucano em todo o Sudeste.
Neste ano, Rogério disputaria uma vaga de vereador, mas retirou a candidatura para articular, junto com outras centrais, apoio para Marcio Lacerda (PSB). "As lideranças do partido mostraram para a gente que pretendem fazer um governo com nossa participação. Ficamos satisfeitos em sermos uma aparelho da legenda", afirmou. (GR)
Fonte: O Tempo